quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Boa Notícia

   17h 20min p.m.
 Suzana Soares, (localização desconhecida)

   Suzana revirava as páginas de seu livro, calma, despreocupada, livre. Enquanto o Sol se punha no horizonte, muitos já se ajeitavam em seus assentos, mas não ela. Sempre alerta, preferia se manter acordada para qualquer imprevisto.
   Ela se recosta no banco e respira profundamente. As luzes fracas se acendem ao longo do avião, clareando seu livro.
   Por entre as fileiras, caminha um homem alto, de cabelos lisos, pele alva. Suzana não poderia estar mais grata que o banco à seu lado estivesse desocupado. Mas logo hoje? Logo no dia em que há um vergão em seu braço? Quando sequer se preparou para algum encontro? Não é de se esperar que ele nem olhe.
   De repente, enquanto o homem parecia que passaria direto, ele vira-se, abruptamente.

-O lugar está ocupado, senhorita? - Ah! Ela nem podia acreditar, além de bonito, ele ainda era educado? Meu deus! Sua voz possuía um fraco sotaque estrangeiro, ele só podia ser francês. Era o que Suzana pensava.
   O clima tedioso e fúnebre do lugar foi logo substituído por muita animação e ansiedade. Suzana estava encantada, mas o que faria? Simplesmente chegaria e "Oi, gostei de você!" Não, ela se virou para a janela e fingiu desinteresse.

- Vai para Nova Yorrrk? - Ele perguntou. Suzana mal podia se conter. Mas respondeu, o mais secamente possível.

-Vou. - Ela o olhou nos olhos, ele tinha uma expressão... Encantadora. Ela não podia deixar o assunto morrer.
-E você, vai?
-Vou sim, talvez possamos nos hospedar no mesmo hotel, não acha? - Deu uma piscadela.
   Por um momento, ela não acreditou no que viu. Mas que cara oferecido! Mas afinal, a quem ela estava enganando, tinha até gostado do chaveco. A viagem se tornara muito mais interessante.

-Você não é daqui, ne? - Ela perguntou, reparando mais uma vez no sotaque.
-Não, não... Você me pegou. Na verrdade eu sou dos Estados Unidos, estou a voltar.
-Legal, mas sendo assim... Você não vai ficar em hotel nenhum, não é?
-Não, me pegou de novo. Mas quem sabe possa ir a minha casa? -
  
   Não demorou muito, os dois conversavam fluentemente. Não seria difícil virar a noite.

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